Em agosto de 2019, dois interferômetros captaram o sinal de uma onda
gravitacional (chamado de GW190814) originado de um buraco negro a 790
milhões de anos-luz. O evento, denominado S190814bv, acaba de se
desdobrar em um mistério: o buraco negro tem um "companheiro", mas não
se sabe o que ele é.
Um estudo publicado no The Astrophysical Journal Letters
mostra que o buraco negro tem uma massa correspondente a 23 vezes a do
Sol e está se fundindo a outro objeto menor, com 2,6 massas solares — a
mais massiva estrela de nêutrons que se tem notícia ou o menor buraco
negro já visto.
Esse estranho sistema binário é inédito na astrofísica. "Nunca vimos
um sinal de onda gravitacional gerado de um sistema em que as massas
individuais dos corpos envolvidos são tão diferentes”, diz o
astrofísico Abhirup Ghosh, do Max Planck Institute for Gravitational
Physics.
O
gráfico mostra as massas de buracos negros detectados por observações
eletromagnéticas (roxo) e ondas gravitacionais (azul); e estrelas de
nêutrons detectadas por observações eletromagnéticas (amarelo) e ondas
gravitacionais (laranja). O sinal GW190814 está no meio do gráfico como a
fusão de um buraco negro e um objeto misterioso.
Mistério e escuridão
Essa é uma das incógnitas que intrigam os astrônomos: "Como as massas
dos objetos são muito diferentes, identificamos claramente o 'zumbido'
das ondas gravitacionais. Isso nos permite a medir com mais precisão
algumas propriedades astrofísicas desse sistema e a fazer novos testes
da Teoria da Relatividade Geral de Einstein", explicou o astrofísico
Jonathan Gair, do Albert Einstein Institute (Potsdam).
Outro mistério que desperta a curiosidade dos astrônomos é a falta de
luz. Ao captarem ondas gravitacionais, os interferômetros LIGO e Virgo
emitem um alerta para astrônomos de todo o mundo, que acionam
telescópios terrestres e espaciais para encontrar o brilho do evento. No
caso do GW190814, apesar de uma busca intensa, ele jamais foi captado.
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