Os resultados desastrosos são uma advertência para “manter-nos afastados da edição de embriões”, diz um especialista.
De acordo com uma informação preocupante do OneZero,
uma equipe de cientistas de Londres usou a popular técnica de edição de
genes CRISPR para modificar geneticamente embriões humanos – com
resultados profundamente alarmantes.
Os embriões, nenhum dos quais
cresceram após 14 dias de maturação, mostraram uma variedade de edições
não intencionais em seus genes que, segundo os pesquisadores, podem
levar a defeitos congênitos ou até câncer mais tarde na vida.
Fyodor
Urnov, professor de biologia molecular e celular da Universidade da
Califórnia, em Berkeley, que não estava envolvido na pesquisa, disse ao OneZero:
Não há como amenizar o que ocorreu. Esta é uma ordem restritiva para todos os editores de genoma para manter-nos afastados da edição de embriões.
A
equipe realizou um experimento envolvendo 25 embriões humanos, sete dos
quais permaneceram não editados como um grupo de controle, conforme
descrito em um artigo de pré-impressão ainda a ser revisado por pares e
enviado para o bioRxiv
no início deste mês. Os cientistas tentaram editar o gene POU5F1, uma
proteína envolvida na auto-renovação de células-tronco embrionárias.
Mas
seus resultados sugerem que, usado no código genético humano, o CRISPR é
mais uma faca de açougueiro do que uma tesoura molecular, ao qual ele é
comparado.
O artigo diz:
Os resultados não intencionais da edição do genoma estavam presentes em aproximadamente 22% das células embrionárias analisadas.
Nosso trabalho ressalta a importância de mais pesquisas básicas para avaliar a segurança das técnicas de edição de genoma em embriões humanos, o que informará debates sobre o potencial uso clínico dessa tecnologia.
Alguns
cientistas expressaram esperança de que a edição de genes possa
eventualmente ser usada para dar aos futuros humanos as melhores chances
de viver uma vida saudável e otimizada. Mas com as ferramentas
disponíveis hoje, de acordo com esse experimento, esse futuro continua
sendo um sonho.
Os
críticos dizem que mexer com o código genômico dos embriões humanos é
brincar com fogo, pois os efeitos da edição ou remoção de genes podem
ter consequências graves que ainda precisam ser totalmente
compreendidas.
E mesmo que a tecnologia de edição de genes se
torne previsível e segura, a ideia de pais ricos poderem comprar filhos
geneticamente aprimorados representa um campo ético minado.
A noção de bebês humanos de genes editados não é teórica. Em 2018, o cientista chinês He Jiankui
afirmou ter usado o CRISPR para editar os genes de bebês gêmeos, a fim
de lhes dar resistência ao HIV. A pesquisa causou indignação, com
especialistas condenando o controverso experimento ‘CRISPR baby‘.
As
meninas, apelidadas de Lulu e Nana, acabaram nascendo, mas seu destino
permanece desconhecido. O nascimento de um terceiro ‘bebê CRISPR’
editado por Jiankui foi confirmado em dezembro de 2019 por notícias
estatais chinesas.
E em julho de 2019, o biólogo russo Denis Rebrikov disse à Nature que
deseja usar o CRISPR para criar mais bebês editados por genes – desta
vez para curar a surdez. Segundo o Rebrikov, cinco pais russos já se
apresentaram para oferecer seus embriões para a edição de genes.
Mas
a pesquisa de Londres sugere que há um longo caminho pela frente antes
que esse tipo de pesquisa seja seguro, não importa ético.
https://www.ovnihoje.com/2020/06/19/experimento-genetico-em-embrioes-humanos-deu-horrorosamente-errado/
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