A concentração de dióxido de carbono registrada na atmosfera atingiu
417.1 ppm em março de 2020. Esta é a maior leitura mensal de CO2
atmosférico já registrada desde que as medições começaram, em março de
1958.
Gráfico mostra a concentração de dióxido de carbono, CO2) desde 1960 até o ano de 2020
O
número foi divulgado pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric
Administration, dos EUA), com base em registros feitos diariamente pelo
Observatório de Mauna Loa, no Havaí, além de amostras de ar de uma rede
de centenas de observatórios ao redor do mundo. Segundo o órgão, este
número supera em 2.4 ppm (partes por milhão) o valor registrado no ano
de 2019, quando a concentração de CO2 atingiu o pico histórico.
"O
progresso na tentativa de redução das emissões de CO2 nos últimos
tempos não é visível nos registros", disse Pieter Tans, cientista sênior
do Laboratório de Monitoramento Global da NOAA.
Devido à
retração econômica causada pela pandemia global da Covid-19, as emissões
diárias de CO2 na maioria dos setores humanos foram muito menores em
2020. No entanto, isso não se reflete na medição feita em Mauna Loa e
pode não fazer nenhuma diferença a longo prazo. Segundo Tans, embora a
redução tenha sido dramática nos meses de março, abril e maio, não é uma
tendência de longo prazo e com a flexibilização das medidas de bloqueio
é improvável que seja continuada.
Para Ralph Keeling, que dirige o
programa de Oceanografia Scripps em Mauna Loa, muitas pessoas podem se
surpreender ao saber que a resposta ao surto de coronavírus não
contribuiu para baixar os níveis de CO2. “O acúmulo de CO2 é parecido
com o lixo em um aterro sanitário. À medida que continuamos emitindo,
ele continua se acumulando. A crise apenas diminuiu as emissões por um
tempo, mas não o suficiente para ser perceptível em nossos registros",
explicou Scripps.
Observatório de Mauna Loa, no Havaí, referência para a emissão de CO2 no hemisfério norte
Dióxido de Carbono
O
CO2, ou dióxido de carbono, é de longe o mais importante dos cinco
principais gases do chamado efeito estufa: dióxido de carbono, metano,
óxido nitroso, monóxido de carbono e ozônio. Quando as primeiras
amostras de Mauna Loa foram analisadas em 1958, o CO2 já havia subido 35
ppm acima do nível pré-industrial de 280 ppm. Atualmente, junho de
2020, o nível atingiu 417 ppm.
Observatório Pioneiro
O
estudo da concentração de CO2 é feito pela NOAA, que captura e analisa
amostras de ar de uma rede de observatórios ao redor do mundo. Um desses
postos de observação está situado no topo do Monte Mauna Loa, no Havaí,
e é a referência para o estudo da emissão de CO2 no hemisfério norte.
Mauna Loa é o mais antigo observatório deste tipo e também o que mais
registros produziu.
Ali, as observações começaram a ser feitas em
março de 1958, quando o cientista David Keeling, na época ligado ao
Scripps Institution of Oceanography, começou a medir o CO2 atmosférico. O
gráfico resultante das análises de Keeling passou a ser chamado de
Curva de Keeling.
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