O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ameaçou na
sexta-feira retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS), após
acusar a entidade de atuar de forma “política”, “partidária” e
“ideológica” num momento de pandemia de covid-19.
“Eu adianto aqui, os Estados Unidos saíram da OMS. Nós estudamos
isso, no futuro… ou a OMS trabalha sem viés ideológico, ou saímos de lá
também. Não precisamos de gente de lá de fora a dar
palpite na saúde aqui dentro”, afirmou Bolsonaro a jornalistas e
apoiantes à entrada do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em
Brasília.
“Ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política e partidária ou nós estudamos sair de lá”, acrescentou.
Bolsonaro aproxima-se assim da posição tomada pelo seu homólogo
norte-americano, Donald Trump, que no final de maio afirmou que os
Estados Unidos iriam deixar de financiar a OMS e “redirecionar os fundos
para outras necessidades urgentes e globais de saúde pública que possam
surgir”.
Donald Trump alegou que a OMS não soube responder de forma eficaz
ao seu apelo para introduzir alterações no seu modelo de financiamento,
depois de já ter ameaçado cortar o financiamento norte-americano a esta
organização das Nações Unidas.
No início deste mês, o Presidente norte-americano tinha feito um ultimato à OMS, ameaçando cortar a ligação à organização se não fossem feitas reformas profundas na sua estrutura e no seu ‘modus operandi’.
Nessa altura, Trump suspendeu temporariamente o financiamento à OMS, no valor que está estimado em cerca de 400 milhões de euros anuais, o que corresponde a 15% do orçamento da organização.
A declaração de Bolsonaro sobre uma eventual saída do Brasil da
entidade, acontece um dia após a Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS), vinculada à OMS, ter cobrado uma dívida de 24,2 milhões de
dólares (21,4 milhões de euros) referente a pagamentos que o Governo
brasileiro tem em atraso para com a entidade, segundo o jornal O Globo.
“O Trump cortou a grana [dinheiro] deles [OMS] e eles voltaram atrás em tudo.
É só tirar a grana que eles começam a pensar diferente”, acrescentou
Bolsonaro na sexta-feira, fazendo referência ao facto de a Organização
ter retomado estudos clínicos com hidroxicloroquina para tratamento da
covid-19.
Bolsonaro é um confesso admirador de Donald Trump, com quem tem
fortalecido relações desde que chegou ao poder, em janeiro de 2019.
O chefe de Estado brasileiro esteve nos Estados Unidos em março,
tendo regressado ao seu país com várias pessoas da sua comitiva
infetadas pelo novo coronavírus, mas não restringiu viajantes
norte-americanos de entrarem no país.
Contudo, Donald Trump decretou, em 24 de maio, a proibição de entrada
nos Estados Unidos de todos os estrangeiros que tenham estado no Brasil
nos 14 dias anteriores.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos
(109.042) e mais casos de infeção (mais de 1,9 milhões) pelo novo
coronavírus, segundo a Universidade Johns Hopkins. Já o Brasil
contabiliza 35.026 vítimas mortais e 645.771 casos confirmados.
https://zap.aeiou.pt/bolsonaro-ameaca-retirar-brasil-oms-328696
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