A nova variante da covid-19, denominada Ómicron, continua a espalhar-se pelo mundo e entre as muitas dúvidas, há quem ache que “pode ser uma boa nova” e funcionar como uma espécie de “arma biológica fatal” que enfraqueça a pandemia.
A Ómicron já foi definida como uma variante frankenstein pelo elevado número de mutações que apresenta. Contudo, para já, não há dados que permitam concluir se esta nova variante da covid-19 é mais letal do que as anteriores.
Na África do Sul, onde foi detectada inicialmente, os indicadores apontam que a maioria dos infectados tem desenvolvido sintomas leves.
Além disso, dos casos registados a nível mundial, ainda não foram assinaladas quaisquer mortes relacionadas com a Ómicron.
Para o virologista belga Yves Van Laethem estes sinais podem indicar que a nova variante é “um belo presente de Natal, no sentido de que uma variante menos virulenta substituiria a outra e permitiria que os não vacinados fossem imunizados”.
A teoria de Van Laethem é que a Ómicron pode ser “a nossa melhor arma ecológica e biológica fatal contra a variante actual, a Delta”, que tem sido mais letal.
Em declarações ao jornal belga La Dernière Heure, o especialista nota que a Ómicron parece ser “menos virulenta, o que permitiria a protecção cruzada”. “Teríamos um familiar menos malvado, de acordo com os primeiros dados, que nos ensinaria como nos imunizar contra o irmão malvado (a Delta)”, refere.
A teoria do virologista carece, para já, de confirmação, uma vez que a Ómicron continua a ser estudada.
“Ómicron é completamente diferente da Delta”
Os primeiros dados que chegam da África do Sul, onde foram detectados os primeiros casos, indicam que os infectados com a nova variante têm tido sintomas ligeiros.
Os resultados de um estudo preliminar da Rede de Vigilância do Genoma Sul-Africano (NGS-SA na sigla em Inglês) preveem que a Ómicron vai tornar-se dominante, superando os casos de infecções com a variante Delta.
O estudo que foi apresentado na Comissão de Saúde do Parlamento da África do Sul aponta também que “as vacinas são a ferramenta que pode impedir que a doença seja grave e seja preciso hospitalização”, conforme destaca o especialista em doenças infecciosas Richard Lessels citado pelo El País.
Contudo, é preciso esperar para ver “a evolução” da variante, até porque a “Ómicron é completamente diferente da Delta ou de variantes anteriores”, refere ainda Lessels.
“Uma constelação de mutações”
Nesta variante frankenstein, como é chamada por ter, pelo menos, 27 mutações, a grande preocupação é que muitas destas mutações nunca tinham sido vistas juntas, apenas em separado.
“Tem algumas associadas a uma maior transmissibilidade e outras à redução dos anticorpos da nossa resposta imune para controlar a infecção”, explica no El Mundo o investigador espanhol Iñaki Comas do Instituto de Biomedicina de Valência e membro da equipa que está a fazer vigilância genómica às novas variantes de covid-19.
Este especialista fala de “uma constelação de mutações” e realça que ainda não se sabe como é que vão funcionar todas juntas. “De algumas nem sequer sabemos nada”, nota Comas.
Já Richard Lessels salienta que o mais preocupante não é “tanto o número de mutações, mas onde se concentram”. Muitas dessas alterações estão concentradas no “pico da proteína e, especificamente, em partes-chave, importantes para aceder às nossas células”, acrescenta o especialista sul-africano, notando que “não sabemos se os anticorpos aguentarão com elas”.
Assim, será fundamental perceber como é que a nova variante vai evoluir em países com elevadas taxas de vacinação, como são os casos de Portugal e Espanha.
https://zap.aeiou.pt/omicron-variante-frankenstein-448577
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