Segue a alta tensão entre a Rússia e o Ocidente com foco na Ucrânia. E os russos admitem recorrer ao seu arsenal nuclear caso haja “uma confrontação” com a “linha vermelha” que Vladimir Putin traçou há muito tempo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Ryabkov, avisa que “uma falta de progresso em direcção a uma solução político-diplomática” levará a uma “confrontação” com uma eventual aliança ocidental, sob a chancela da NATO.
Em declarações divulgadas pela agência de notícias russa RIA Novosti e citadas pelo Eurasiareview.com, Ryabkov alerta que a Rússia pode recorrer ao seu arsenal nuclear se a NATO insistir em continuar a “armar” a Ucrânia.
Esta posição de força surge numa altura em que o Kremlin continua a sublinhar, a título oficial, que não está a preparar nenhuma invasão à Ucrânia como se tem receado.
Contudo, Moscovo deixa claro que se tiver que agir, não hesitará em intervir com toda a força disponível. Sinal disso mesmo são as movimentações suspeitas na fronteira ucraniana, com as autoridades deste país a denunciarem a deslocação em massa de militares russos para a zona.
Guerra pode ser “desastrosa” para toda a Europa
Para os soldados ucranianos na fronteira, a dúvida não é se a Rússia vai ou não atacar, mas quando é que isso vai acontecer.
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, já disse à CNN que haverá um “massacre sangrento” em caso de invasão, ameaçando que os russos também voltarão para casa “em caixões”.
Mas uma eventual guerra teria consequências “desastrosas” também para toda a Europa, como destaca Reznikov, frisando que cerca de 4 a 5 milhões de ucranianos poderiam procurar refúgio noutros países do Velho Continente.
Além disso, poderia haver uma ruptura na cadeia de fornecimento alimentar da Europa e de África, que dependem bastante da Ucrânia, como destaca ainda o ministro na CNN.
“Uma bandeira vermelha para um touro”
As ameaças russas estão directamente relacionadas com a intenção da Ucrânia em aderir à NATO, bem como com a aproximação à União Europeia (UE).
Putin tem pressionado a NATO para não aceitar a Ucrânia, mas também a Geórgia, outro vizinho da Rússia, como membros.
A Rússia está preocupada com a possibilidade de vir a ter bases da NATO, com novos tipos de tecnologia militar avançada, no seu quintal das traseiras.
“O treino, as armas e por aí fora são, para Putin, como uma bandeira vermelha para um touro e ele pensa que se não agir hoje, então amanhã haverá bases da NATO na Ucrânia. Ele precisa de pôr um travão nisso”, explica na BBC a analista política Tatiana Stanovaya.
Esta preocupação russa arrasta-se desde 2008 quando foi assinado um compromisso que abre a porta da NATO à Ucrânia e à Geórgia. À luz da tensão actual, os ucranianos estão a pressionar os países ocidentais para acelerarem essa adesão.
Mas, do lado contrário, Putin quer um acordo escrito que assegure que isso não vai acontecer, bem como a garantia de que os sistemas de mísseis da NATO não serão implantados nestes e noutros países vizinhos.
Mundo “não pode cair na armadilha” de Putin
Entretanto, vários líderes mundiais têm deixado avisos a Putin.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou o presidente russo, através de uma chamada telefónica divulgada pela imprensa internacional, de que uma invasão da Ucrânia seria uma “acção desestabilizadora” que uniria os países ocidentais numa resposta conjunta.
O recém empossado Chancellor alemão, Olaf Scholz, mostrou, em conferência de imprensa, estar aberto a um “diálogo construtivo” com a Rússia, mas avisou que um ataque à Ucrânia teria um “preço elevado”.
Mas a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, já disse que o mundo “não pode cair na armadilha” de Putin, conforme declarações divulgadas pelo Politico.
“A Rússia não tem o direito de dizer nada sobre quem tem o direito e quem não tem de se juntar à UE ou à NATO”, reforçou a governante da Estónia que também faz fronteira com a Rússia.
No meio de tudo isto, há divisões internacionais quanto à forma como lidar com Putin e há quem defenda que o caminho é apoiar a Ucrânia com alta tecnologia armada – precisamente a “linha vermelha” traçada por Putin.
Enquanto isso, o Kremlin fala em “histeria anti-Rússia” e “Russofobia”.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, “o facto de Putin procurar uma nova justificação ideológica em relação à Ucrânia sugere que ele está à beira de algo grande: uma tentativa de reescrever a ordem de segurança na Europa, de dividir o continente em novas esferas de influência”, conforme disse numa conferência de imprensa.
O fiel “amigo” Xi Jinping
Com o ocidente de mira apontada à Rússia, Putin vira-se para o amigo Xi Jinping, presidente da China, com quem manteve uma cimeira virtual que serviu para fortalecer os laços entre os dois países.
China e Rússia forma, assim, uma espécie de muralha unida contra o criticismo ocidental, numa altura em que os dois países são alvos de reparos da comunidade internacional.
Esta cimeira serviu para marcar a posição conjunta, mas também para reforçar as relações entre os dois países no âmbito da cooperação militar, mas também da protecção dos investimentos e interesses comerciais mútuos, nomeadamente na área da energia.
E a energia pode ser mais uma arma de arremesso de Putin contra o ocidente, algo em que contará com a China como grande aliado para influenciar os preços e, assim, perturbar toda a economia mundial.
https://zap.aeiou.pt/russia-ameaca-nato-arsenal-nuclear-450678
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Ryabkov, avisa que “uma falta de progresso em direcção a uma solução político-diplomática” levará a uma “confrontação” com uma eventual aliança ocidental, sob a chancela da NATO.
Em declarações divulgadas pela agência de notícias russa RIA Novosti e citadas pelo Eurasiareview.com, Ryabkov alerta que a Rússia pode recorrer ao seu arsenal nuclear se a NATO insistir em continuar a “armar” a Ucrânia.
Esta posição de força surge numa altura em que o Kremlin continua a sublinhar, a título oficial, que não está a preparar nenhuma invasão à Ucrânia como se tem receado.
Contudo, Moscovo deixa claro que se tiver que agir, não hesitará em intervir com toda a força disponível. Sinal disso mesmo são as movimentações suspeitas na fronteira ucraniana, com as autoridades deste país a denunciarem a deslocação em massa de militares russos para a zona.
Guerra pode ser “desastrosa” para toda a Europa
Para os soldados ucranianos na fronteira, a dúvida não é se a Rússia vai ou não atacar, mas quando é que isso vai acontecer.
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, já disse à CNN que haverá um “massacre sangrento” em caso de invasão, ameaçando que os russos também voltarão para casa “em caixões”.
Mas uma eventual guerra teria consequências “desastrosas” também para toda a Europa, como destaca Reznikov, frisando que cerca de 4 a 5 milhões de ucranianos poderiam procurar refúgio noutros países do Velho Continente.
Além disso, poderia haver uma ruptura na cadeia de fornecimento alimentar da Europa e de África, que dependem bastante da Ucrânia, como destaca ainda o ministro na CNN.
“Uma bandeira vermelha para um touro”
As ameaças russas estão directamente relacionadas com a intenção da Ucrânia em aderir à NATO, bem como com a aproximação à União Europeia (UE).
Putin tem pressionado a NATO para não aceitar a Ucrânia, mas também a Geórgia, outro vizinho da Rússia, como membros.
A Rússia está preocupada com a possibilidade de vir a ter bases da NATO, com novos tipos de tecnologia militar avançada, no seu quintal das traseiras.
“O treino, as armas e por aí fora são, para Putin, como uma bandeira vermelha para um touro e ele pensa que se não agir hoje, então amanhã haverá bases da NATO na Ucrânia. Ele precisa de pôr um travão nisso”, explica na BBC a analista política Tatiana Stanovaya.
Esta preocupação russa arrasta-se desde 2008 quando foi assinado um compromisso que abre a porta da NATO à Ucrânia e à Geórgia. À luz da tensão actual, os ucranianos estão a pressionar os países ocidentais para acelerarem essa adesão.
Mas, do lado contrário, Putin quer um acordo escrito que assegure que isso não vai acontecer, bem como a garantia de que os sistemas de mísseis da NATO não serão implantados nestes e noutros países vizinhos.
Mundo “não pode cair na armadilha” de Putin
Entretanto, vários líderes mundiais têm deixado avisos a Putin.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou o presidente russo, através de uma chamada telefónica divulgada pela imprensa internacional, de que uma invasão da Ucrânia seria uma “acção desestabilizadora” que uniria os países ocidentais numa resposta conjunta.
O recém empossado Chancellor alemão, Olaf Scholz, mostrou, em conferência de imprensa, estar aberto a um “diálogo construtivo” com a Rússia, mas avisou que um ataque à Ucrânia teria um “preço elevado”.
Mas a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, já disse que o mundo “não pode cair na armadilha” de Putin, conforme declarações divulgadas pelo Politico.
“A Rússia não tem o direito de dizer nada sobre quem tem o direito e quem não tem de se juntar à UE ou à NATO”, reforçou a governante da Estónia que também faz fronteira com a Rússia.
No meio de tudo isto, há divisões internacionais quanto à forma como lidar com Putin e há quem defenda que o caminho é apoiar a Ucrânia com alta tecnologia armada – precisamente a “linha vermelha” traçada por Putin.
Enquanto isso, o Kremlin fala em “histeria anti-Rússia” e “Russofobia”.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, “o facto de Putin procurar uma nova justificação ideológica em relação à Ucrânia sugere que ele está à beira de algo grande: uma tentativa de reescrever a ordem de segurança na Europa, de dividir o continente em novas esferas de influência”, conforme disse numa conferência de imprensa.
O fiel “amigo” Xi Jinping
Com o ocidente de mira apontada à Rússia, Putin vira-se para o amigo Xi Jinping, presidente da China, com quem manteve uma cimeira virtual que serviu para fortalecer os laços entre os dois países.
China e Rússia forma, assim, uma espécie de muralha unida contra o criticismo ocidental, numa altura em que os dois países são alvos de reparos da comunidade internacional.
Esta cimeira serviu para marcar a posição conjunta, mas também para reforçar as relações entre os dois países no âmbito da cooperação militar, mas também da protecção dos investimentos e interesses comerciais mútuos, nomeadamente na área da energia.
E a energia pode ser mais uma arma de arremesso de Putin contra o ocidente, algo em que contará com a China como grande aliado para influenciar os preços e, assim, perturbar toda a economia mundial.
https://zap.aeiou.pt/russia-ameaca-nato-arsenal-nuclear-450678
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