O
trauma de um sismo com magnitude de 9.5 na escala de Richter e o seu
consequente tsunami foi tanto que as comunidades humanas que viviam
perto da costa do Chile mudaram-se para o interior durante 1000 anos.
Hoje em dia, há uma tendência generalizada para a população se concentrar em zonas urbanas no litoral, mas esta nem sempre foi a realidade.
Há 3800 anos, um enorme sismo com uma magnitude de 9.5 na escala de Richter causou um tsunami gigantesco que inundou o norte do Chile — e os humanos ficaram tão assustados que evitaram viver na costa na região durante 1000 anos.
A revelação partiu de um novo estudo publicado na Science Advances, que analisou depósitos de sedimentos e amostras de rochas marinhas, conchas e vida marinha que foram arrastadas pelas ondas para as partes mais altas do deserto de Atacama.
“Encontramos provas de sedimentos marinhos de muitas espécies que estariam a viver calmamente no mar antes de serem atiradas para a terra. E descobri-mo-las em sítios tão altos e afastados da costa que não poderiam ter sido levadas para lá por uma tempestade”, revela James Goff, geólogo e especialista em tsunamis.
A região do deserto de Atacama é particularmente propícia a sismos enormes devido à sua proximidade com a convergência entre as placas tectónicas de Nasca e da Sul-Americana, revela o Science Alert.
Os investigadores usaram a datação por radiocarbono para estimarem a idade dos depósitos no litoral, que se estendem ao longo de 600 quilómetros na costa chilena.
Os dados sobre vários depósitos apontam para a existência de um “evento tectónico que pode ter levantado depósitos no litoral ao longo da região de estudo” que terá “criado uma disrupção social a nível regional“, escrevem os autores.
Na altura deste enorme sismo, a população da zona vivia em comunidades de caçador-colector e as provas arqueológicas mostram que o tsunami destruiu duas vezes as suas estruturas de pedra.
O trauma não se limitou aos poucos que tiveram a sorte de sobreviver, já que as provas mostram que a zona costeira ficou desabitada durante 1000 anos, apesar do peixe continuar a ser a principal fonte de alimentação da população.
As comunidades preferiam deslocar-se regularmente à costa para pescar e voltar para o interior do que viver perto do mar. Com o passar do tempo, a população começou a esquecer o impacto do tsunami e a regressar ao litoral. Antes deste tsunami, os humanos viveram na zona costeira durante 10 000 anos.
“A população local ficou sem nada. O nosso trabalho arqueológico descobriu que houve uma enorme convulsão social com as comunidades s mudarem-se para o interior e além do alcance dos tsunamis”, revela Goff.
Para além de preencher algumas das lacunas no nosso conhecimento histórico deste evento — que foi equivalente ao sismo mais poderoso que a Humanidade já sentiu — esta pesquisa serve ainda como um aviso sobre os riscos que um possível sismo semelhante no futuro pode trazer.
“Apesar de isto ter tido um grande impacto no Chile, as ilhas no sul do pacífico também ficaram desabitadas quando sofreram com o tsunami há 3800 anos. Mas estão populadas agora e muitas são destinos turísticos popular, por isso se um evento destes ocorrer, as consequências seriam catastróficas a não ser que possamos aprender destas conclusões”, alerta Goff.
https://zap.aeiou.pt/tsunami-atacama-humanos-costa-1000-473038
Hoje em dia, há uma tendência generalizada para a população se concentrar em zonas urbanas no litoral, mas esta nem sempre foi a realidade.
Há 3800 anos, um enorme sismo com uma magnitude de 9.5 na escala de Richter causou um tsunami gigantesco que inundou o norte do Chile — e os humanos ficaram tão assustados que evitaram viver na costa na região durante 1000 anos.
A revelação partiu de um novo estudo publicado na Science Advances, que analisou depósitos de sedimentos e amostras de rochas marinhas, conchas e vida marinha que foram arrastadas pelas ondas para as partes mais altas do deserto de Atacama.
“Encontramos provas de sedimentos marinhos de muitas espécies que estariam a viver calmamente no mar antes de serem atiradas para a terra. E descobri-mo-las em sítios tão altos e afastados da costa que não poderiam ter sido levadas para lá por uma tempestade”, revela James Goff, geólogo e especialista em tsunamis.
A região do deserto de Atacama é particularmente propícia a sismos enormes devido à sua proximidade com a convergência entre as placas tectónicas de Nasca e da Sul-Americana, revela o Science Alert.
Os investigadores usaram a datação por radiocarbono para estimarem a idade dos depósitos no litoral, que se estendem ao longo de 600 quilómetros na costa chilena.
Os dados sobre vários depósitos apontam para a existência de um “evento tectónico que pode ter levantado depósitos no litoral ao longo da região de estudo” que terá “criado uma disrupção social a nível regional“, escrevem os autores.
Na altura deste enorme sismo, a população da zona vivia em comunidades de caçador-colector e as provas arqueológicas mostram que o tsunami destruiu duas vezes as suas estruturas de pedra.
O trauma não se limitou aos poucos que tiveram a sorte de sobreviver, já que as provas mostram que a zona costeira ficou desabitada durante 1000 anos, apesar do peixe continuar a ser a principal fonte de alimentação da população.
As comunidades preferiam deslocar-se regularmente à costa para pescar e voltar para o interior do que viver perto do mar. Com o passar do tempo, a população começou a esquecer o impacto do tsunami e a regressar ao litoral. Antes deste tsunami, os humanos viveram na zona costeira durante 10 000 anos.
“A população local ficou sem nada. O nosso trabalho arqueológico descobriu que houve uma enorme convulsão social com as comunidades s mudarem-se para o interior e além do alcance dos tsunamis”, revela Goff.
Para além de preencher algumas das lacunas no nosso conhecimento histórico deste evento — que foi equivalente ao sismo mais poderoso que a Humanidade já sentiu — esta pesquisa serve ainda como um aviso sobre os riscos que um possível sismo semelhante no futuro pode trazer.
“Apesar de isto ter tido um grande impacto no Chile, as ilhas no sul do pacífico também ficaram desabitadas quando sofreram com o tsunami há 3800 anos. Mas estão populadas agora e muitas são destinos turísticos popular, por isso se um evento destes ocorrer, as consequências seriam catastróficas a não ser que possamos aprender destas conclusões”, alerta Goff.
https://zap.aeiou.pt/tsunami-atacama-humanos-costa-1000-473038
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