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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Previsões de guerra: O Irã

E pontuais eis que chegam as previsões funestas.
De quem? De quem não tem nada a perder, óbvio.


Falamos de guerra, dum conflito utilizado para resolver duma vez por todas a crise.

Não é a primeira vez que é agitado o fantasma da guerra por parte de quem gere os fios da economia global. E a razão é simples: a guerra é um excelente negócio.
Mesmo um País derrotado num grande conflito pode ressuscitar e tornar-se numa "locomotiva da Europa".

Há também outras razões.
Medida após medida, é claro que a actual situação de crise é destinada a prolongar-se. Nos Estados Unidos a retoma é muito fraca, a Europa está em recessão, até os Brics não crescem como antes. A impressão é que não haja nada mais para recolher neste prato. Então eis a ideia: partimos a loiça e vamos mudar de prato.

Previsão ou pio desejo? Não sabemos. Mas é preocupante o facto destas pessoas serem as mesmas que vivem e operam próximas dos centros de poderes. Ou serem elas mesmas o poder.

Larry Edelson, economista normalmente hospede nas página de Bloomberg, Reuters, CNBC, The New York Times, New York Sun e Marketwatch, escreveu um e-mail aos seus assinantes, cujo título é ara assinantes intitulado "O que os Ciclos de Guerra dizem para 2013":
Desde a década dos anos oitenta, estudei os chamados "ciclos de guerra ": os ritmos naturais que predispõem as sociedades para descer no caos, o ódio, numa guerra civil ou até internacional.

Certamente não sou a primeira pessoa a observar esses modelos tão únicos na história. Houve muitos antes de mim, em particular, Raymond Wheeler, que publicou a crono-história da guerra de maior autoridade de todos os tempos, documentada com dados ao longo dum período de 2.600 anos.


No entanto, há poucas pessoas que estão dispostas a discutir a questão neste momento. E com base no que vejo, as implicações podem ser absolutamente enorme em 2013.
Interessante a expressão "ritmos naturais". Dito assim, parece que a guerra existe além da vontade humana, quase um componente óbvia da Natureza. Não há nada para fazer: cedo ou tarde deve haver uma guerra. Ámen.

Será então inevitável acabar a deterioração duma sociedade (e a nossa sociedade está abundantemente deteriorada) com um conflito, até de proporções "internacionais"? A História diz que não, não é assim.Mas dizer isso não assusta ninguém.
Por isso: em frente.

O ex-analista do Goldman Sachs, Charles Nenner (que lançou alguns avisos muito precisos entre os seus clientes acerca de hedge funds e bancos) diz que haverá "um grande guerra que vai começar na passagem entre 2012 e 2013" e que irá levar Dow Jones para 5.000 pontos.

Horror e tragédia: o Dow Jones a 5.000 pontos? Mas é uma catástrofe! Ah, sim, depois haveria as bombas, a violência, os mortos, mas enfim, a Bolsa é a Bolsa. Em qualquer caso, cuidado com o 31 de Dezembro: não sempre os fogos de artifício são o que parecem.

Pergunta: porquê? Porque estes gurus estão a prever uma guerra? E nem pequena...

Em parte porque, como afirmado, muitas pessoas influentes estão convencidas de que a guerra é boa para a economia. O que não é verdade: é boa para alguns (poucos) durante o conflito, enquanto a sociedade pode ver o crescimento (que existe após um conflito e que não pode ser negado) só após sofrimentos e privações terríveis. O jogo vale a pena?

Jim Rogers (co-fundador do Quantum Fund com o simpático George Soros e apoiante de Ron Paul na corrida para as Presidenciais americanas) afirma:
A continuação dos resgates na Europa poderá vir a desencadear uma nova guerra mundial [...] Adicionamos a dívida, a situação agrava-se e, eventualmente, entra simplesmente em colapso. Então, todos vão procurar os bodes expiatórios. Os políticos culpam os estrangeiros, e estamos numa guerra qualquer.
Depois temos a explicação de Marc Faber, o qual afirma que o governo dos EUA vai iniciar novas guerras em resposta à crise económica:
A próxima coisa que o governo vai fazer para distrair a atenção das pessoas em más condições económicas será começar uma guerra em algum lugar. [...] Se a economia mundial não recuperar, normalmente as pessoas vão para a guerra.
Problema: os Estados Unidos não têm dinheiro nesta altura, e as guerras custam. Muito. Foi isso que provavelmente salvou o Irão até agora (israel sonha um ataque de olhos abertos) e a situação entretanto não melhorou.
Iniciar um conflito agora significaria desviar muitos dos fundos federais que agora são indispensáveis até para o normal funcionamento dos Estados da União e que contribuem para a sobrevivência de milhões de desempregados. Para justificar uma tal medida seria preciso um acontecimento "forte", mas de novos 9/11 por enquanto nem a sombra. Isso ou os jogos de poder duma potente lobby, pois afinal os sinais ou acontecem ou criam-se.

Faber acredita que os Estados Unidos, a China e a Rússia podem começar uma guerra por causa do petróleo do Médio Oriente. E o humilde blogueiro permite-se discordar. Não que não haverá no futuro uma guerra por causa do petróleo (e do gás, e mais à frente ainda pela água...), mas não agora, em particular no ano em que os Estados Unidos atingirão o pico de produção.

A Rússia tem petróleo e sobretudo gás em abundância. Fica descansada.

E a China? A China não tem petróleo e sofre por causa disso (falta de gasóleo em algumas províncias), é verdade. Mas a China já deu prova de saber resolver os seus problemas não com a guerra mas com outros meios. Quem desencadeou ou entrou em 10 conflitos (sem contar os acontecimentos menores) nos últimos 150 anos não foi Pequim.

Se guerra será, não será para satisfazer a procura imediata de petróleo, o custo não justificaria isso.
Será para tentar resolver uma situação económica aparentemente sem saída, para ocupar novos mercados potencias, para desenvolver o antigo projecto de domínio na Eurásia e para satisfazer a sede de vingança dum dos aliados de Washington.

Nem é preciso explicar qual deles, pois não?

Irã: embargo total

No silencio absoluto dos medias ocidentais, começou o embargo contra o Irão. Há 48 horas nada sai e nada entra legalmente do País do Médio Oriente, nem a comida.

As eleições americanas acabaram, o Prémio Nobel a Paz Obama ganhou, luz verde para a tentativa de estrangular um País com 75 milhões de habitantes. Os bancos franceses bloquearam todas as contas das empresas que mantêm relacionamentos de importação ou exportação com o Irão. Após seis anos de embargo, pela primeira vez todas as medidas possíveis são aplicadas.
Se Tel Avive quer sangue, Washington ladra e mostra os dentes.
E a guerra começou há 48 horas.
Pode demorar: os sinais da Segunda Guerra Mundial estavam claros muitos antes da invasão da Polónia, é preciso conceder o tempo para que as coisas amadureçam. Depois sim, na altura "certa" haverá a guerra espetacular, feita de bombas pseudo-inteligentes e enviados da CNN. Mas podem passar meses ou até anos.
Por enquanto criam-se as condições e afiam-se as armas: israel já testou a aviação na Somália e nestes dias experimenta o sistema anti-mísseis Iron Dome. Adquiriu também vários Boeing 707 para que possam ser convertidos em aviões de refornecimento.
A Nato fez um bom trabalho e israel agradece: a Líbia está de rastos, o Egipto é empenhado na travessia do deserto, a Síria em pedaços, o Iraque já não existe, o Líbano tinha sido arrumado há muito. As possíveis ameaças contra Jerusalém foram sistematicamente eliminadas com a Primavera Árabe. Sobra a Jordânia, demasiado pequena para levantar a voz, e o Irão, o alvo.
Mas não é simples: há Moscou e Pequim atrás de Teeerã.
Concentrar-se no Irã significaria deixar pouco protegida a frente do Oceano Pacífico, onde a China avança cada vez mais e onde Washington investiu muito nos últimos tempos (mais do que no Médio Oriente). Porque os Estados Unidos realmente têm problemas de dinheiro e, apesar das pressões israelitas, os cofres estão vazios.

Não seria a primeira vez que Washington entra num conflito estando à beira da bancarrota (foi assim na Segunda Guerra Mundial), e israel afinal pouco está interessada na situação interna dos Americanos. É, de fato, um jogo muito complicado.

Mas o sinal foi lançado, disso não há dúvida: o embargo total contra o Irã é um fato, não uma intenção. Agora é só esperar para as eleições de Janeiro em israel e observar as próximas jogadas.
 

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